Virão os Argentinos?

Mais uma temporada se aproxima e muitas são as indagações, as necessidades, os questionamentos de sempre, sobre a nossa infra-estrutura, equipamentos, serviços, enfim, teremos ou não uma temporada com os resultados que seriam os esperados, ou novamente ficaremos ao final apresentando e apontando as dificuldades e lamentando aspectos que poderiam ser melhor resolvidos se todos tiverem a sensibilidade de pensar o turismo de forma mais profissional com mais ação e menos discurso.
Mas nossa preocupação aqui vai diretamente com o fluxo de argentinos que deverão vir a partir de dezembro e mais fortemente em janeiro e fevereiro, nessa ordem, como acontece em todas as temporadas.
Estivemos visitando Buenos Aires agora em novembro por ocasião da FIT – Feira Internacional de Turismo, que reúne operadores, agentes e interessados, inclusive aberta ao público no sábado e domingo.
Vimos um grande fluxo de pessoas circulando pela feira, recolhendo folhetarias e tabelas de preços, assim como os representantes das operadoras e agentes de turismo, todos com imensa vontade e satisfação de vir aproveitar nossas belezas naturais, nossas praias, nosso clima, nosso modo de vida, etc…
Duas são as preocupações que deveremos ter, a primeira diz respeito à economia argentina como um todo, o empobrecimento da classe média, o alto nível de desemprego, os bolsões de pobreza cada vez mas claros e evidentes e a isso acresceremos a segunda preocupação que diz respeito ao câmbio do dólar.
Nesse aspecto centraremos nossa preocupação maior, pois o argentino que vem ao Brasil chega com a moeda americana como forma de pagamento e nesse aspecto podemos afirmar sem medo de errar que terão um deságio de cerca de 30% com relação à temporada passada.
Ora, isso é um desalento, um desestimulo a sua vinda, o cambio do dólar na Argentina esta beirando os 3 pesos, significa dizer que desembolsaram aquele valor em pesos para passando pelo dólar chegar ao redor R$ 2,30, se isso já estava ruim na anterior será pior na próxima temporada, portanto salvo alguma mudança nessa relação, a tendência é que teremos uma queda ou na melhor hipótese o mesmo número de turistas argentinos que aqui estiveram no último verão.
Muito se fala em Chilenos, Uruguaios, Paraguaios e mais recentemente até em Portugueses, Americanos e outros Europeus, mas sabemos todos nós que esses mercados não são tão pródigos assim, uns por serem de pequena monta, outros por estarem longe demais e alguns desses que se falam até por falta de potencial.
Os órgãos de turismo têm procurado fazer a divulgação institucional estão mais otimistas, mas não acreditamos em crescimento no setor e as manifestações das entidades de classe não tem sido otimistas, quando muito acreditam na manutenção dos números da última temporada.
Essa realidade precisa ser entendida, trabalhada, imaginada e concentrar esforços no sentido de melhorarmos nossa infra-estrutura, nossos serviços, nossos equipamentos e de alguma forma colocarmos um freio no crescimento da oferta e pararmos de ficar imaginando números de crescimento de demanda que só acontecem no papel e nunca se transformam nas cifras anunciadas nos cofres das empresas.

Estanislau Emilio Bresolin
Presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares
e Similares do Estado de Santa Catarina e Advogado