Carnaval, uma festa de época

O carnaval é uma data marcante, tanto do ponto de vista comercial, como social, cultural ou de mero divertimento. Em nosso país poderíamos afirmar, sem medo de errar, que ninguém desconhece sua magnitude ou mesmo que de alguma forma com ele não se envolva. Há os que esperam o carnaval para faturar, os que esperam muita diversão ou mesmo um recompensador descanso.

Na atividade turística, costumamos dizer que quando o carnaval ocorre no final de fevereiro ou no inicio de março, verifica-se grande incremento no fluxo de visitantes e prolonga-se a temporada de fevereiro.

Entretanto, é unânime a opinião de que atrapalha e muito, quando acontece no inicio do mês de fevereiro.

Para quem não sabe, o carnaval tem como referência a chamada terça feira gorda, que neste ano ocorreu em 8 de fevereiro, e em 2006 será no dia 28/02, em 2007 em 20/02, e em 2008 acreditem, será em 05/02. Já em 2009 será em 24/02 e em 2010 teremos o dia 16 de fevereiro como a data magna do carnaval. Perceberam a variação? Creio que quase todos sabem que a data tem a ver com a páscoa, mas aí se pergunta: qual a data da páscoa?

É fácil. A seguir transcrevo a fórmula que encontrei na Revista Super Interessante, da Abril Cultural do mês de novembro/1987, edição n° 2, pagina 10: “O primeiro passo é descobrir quando cai o domingo de Páscoa: é sempre no primeiro domingo após a primeira lua cheia do outono no Hemisfério Sul ou da primavera européia. Determinada esta data, retrocede-se 46 dias no calendário – quarenta dias da Quaresma e mais seis da Semana Santa – e chega-se à Quarta-Feira de Cinzas”.

O nosso problema então está na Lua, cheia é bem verdade, mas minguante para o turismo em determinadas luas. Brincadeiras à parte, o que queremos é que o carnaval se desvincule da Páscoa, no sentido de tornar-se mais eficiente para o fluxo turístico. Quero crer que não traria prejuízos a ninguém, pois como sabemos, as restrições impostas pela quaresma já não têm mais a rigidez de outros tempos. As festas antes proibidas, hoje acontecem normalmente durante esse período.

Creio que se o carnaval tivesse uma data fixa, só traria benefícios a todos, desde àqueles que festejam a data até àqueles que a utilizam como período de descanso. Dentre os festeiros, quais sejam as escolas de samba, blocos, clubes sociais, feijoadas, chopadas, mariscadas, peixadas, bacalhoadas e outros eventos dessa natureza, o período e a programação seriam mais bem planejados e aproveitados. Impossível desvinculá-la das dificuldades que ocorrem quando ela se aproxima das chamadas festas de fim de ano (natal e ano novo). São datas marcantes, comemorativas e de gastos elevados, tornando-se necessário um período maior para a recomposição das finanças familiares.

Tomemos o exemplo do carnaval de 2008 quando a terça feira, também chamada de “terça-feira gorda”, ou seja, o último dia do carnaval ocorre, exatamente, no dia 5 de fevereiro. Naquele ano o início dos festejos de momo será no dia 1º de fevereiro, o que significa que teremos a menor temporada alta de todos os tempos…

Temos vivenciado nos dias atuais o sucesso em algumas cidades dos chamados carnavais fora de época, e para os mais saudosos é bom lembrar que no passado aconteciam os gritos de carnaval, que eram uma espécie de aquecimento para a festa momesca. Tudo isso teria mais sentido se o carnaval ocorresse no final do mês de fevereiro ou início de março de cada ano.

A proposta é conseguir sensibilizar os políticos para que apresentem projeto de lei que fixe a data do carnaval, que poderia ser na última 3ª feira de fevereiro ou na primeira semana de março de cada ano.
A páscoa não sofreria mudanças, continuaria a ser calculada pela formula original e por estudos que fizemos teria sempre uma distância mínima de dez dias, portanto a semana santa nunca coincidiria com o carnaval.

Dessa forma teríamos dois meses para preparar a maior festa popular do nosso país, após a virada do ano novo e a certeza de que a alta temporada de verão seria mais longa e teria data fixa para acabar.

Estanislau Emilio Bresolin
Advogado e Presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares
e Similares do Estado de Santa Catarina