Nepotismo na Hotelaria

O significado de nepotismo no Brasil é a prática de nomear parentes para exercer cargo público, os chamados cargos de confiança. Estes cargos são designados sem a prestação de concurso público, determinados apenas pelo parentesco do chefe com o indicado. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 37, inciso II, com o intuito de moralizar e até mesmo acabar com esta prática, passou a exigir concurso para ingresso no serviço público.

Realmente todos lembram dos famosos bilhetinhos de políticos para seus afilhados ingressarem em prósperos empregos públicos. Vivíamos a era em que se media o QI do candidato, ou seja, quem indicou. Mais recentemente, a Associação dos Magistrados Brasileiros tem se empenhado com sucesso para acabar com o nepotismo na esfera do poder judiciário.

Agora a sociedade começa a se mobilizar pensando em acabar com o nepotismo na esfera do executivo e do legislativo, mas aqui sabemos que a coisa não fluirá como aconteceu com o judiciário. Na esfera do executivo é quase impossível imaginar que aconteça, assim como no legislativo, pois é uma prática arraigada, difícil de erradicar.

Se bem que também cabe uma defesa em favor de parentes que têm seu valor intelectual e são esforçados para o trabalho. Nem todos devem ser condenados simplesmente porque tiveram o azar de nascer parentes de pessoas com o poder de indicar cargos de confiança, sem o devido concurso público.

O nepotismo também pode ser encontrado no meio hoteleiro, claro que de forma figurativa, pois esta prática só se caracteriza no poder público. A hotelaria vem se desenvolvendo de forma diferente nas últimas décadas, no Brasil há menos tempo, e o que predomina hoje em dia no setor são empresas que exploram a grife hoteleira. Estas empresas, na maioria das vezes, investem em vários segmentos, sendo a hotelaria um deles e nem sempre o principal.

A expressão hoteleiro sempre foi usada para os proprietários de hotéis, que trabalhavam em seus estabelecimentos. Já o dono de hotel era aquele investidor que contratava um executivo para administrar seu empreendimento. Entre os hoteleiros era comum e até tradição apresentar seus protegidos, apadrinhados ou no sentido figurativo seus “nepotes”. Estes indicados eram na maioria dos casos parentes dos hoteleiros, incumbidos de seguir o caminho traçado por eles para que futuramente pudessem assumir a administração do hotel familiar.

Hoje temos algo similar nas pousadas de formação estritamente familiar. Porém, já não é comum encontrar empreendimentos hoteleiros passados de pai para filho. Diríamos até em tom de brincadeira que estes estabelecimentos familiares deveriam ser registrados no IBAMA, pois rumam para a extinção e com isso terminará mais uma fonte do figurado nepotismo, só que este inteiramente salutar.

Estanislau Emilio Bresolin
Presidente da FHORESC
2º Vice Presidente da CNTur e Advogado